sexta-feira, 13 de julho de 2012

HAVANA: LUA CARIBENHA


Autor: Felipe Chibás Ortiz


         A Havana é uma lua sensual navegando nas ondas do mar Caribe. Sua luz noturna gera boleros e seu amanhecer de Sol e Lua ao mesmo tempo, geram mambos, guaguancos, guarachas, congas, sons e essa quente mistura de ritmos cubanos e caribenhos que hoje todos chamam de salsa. Essa mistura que é algo tão próprio do cubano, presente na suas comidas, religião e na pele de seus moradores. 


Andando pelas suas ruas e avenidas parecem que o tempo se deteve e de repente viajamos numa máquina do tempo tropical. 

Aparecem assim miragens, aparentemente surgidas do fundo de um baú de fadas, como podem ser carros fósseis americanos entre as décadas de 30 a 50, carros russos das décadas de 70 a 90, prédios e fortalezas dos séculos XVI até XIX, carroças tiradas por cavalos, bicicletas duplas para o transporte de pessoas, estátuas de heróis, vitrais, charutos gigantes que parecem fumar os seus donos, trios musicais cantores de saudades presentes e futuras e pessoas que vestem e vivem totalmente alheias as tendências da moda atual e as novas tecnologias. Mas também aparecem  visões do terceiro milênio, também tipicamente cubanas, como é a nova infra-estrutura hoteleira, os coco-taxis e o camello, meios de transporte novos surgidos nessa capital como tentativa de resolver os graves problemas de transporte. 
           Sua magia imprevisível mostra-se também na simplicidade e sociabilidade de seus moradores e ruas que contrasta com arquitetura ímpar de prédios de colunas majestosas, anteriormente já cantada pelo escritor Alejo Carpentier, mesmo que precisando muitas delas de restauração. 

     Mas ninguém se engane: esses aparentemente pacíficos moradores carregam também dentro de si todas as histórias de lutas e sacrifícios desse pequeno país. Por isso, ao virar qualquer esquina parece que você vai encontrar de repente com algum herói ou mártir entre os séculos dezessete  ao vinte. E se você tiver um pouquinho de imaginação voltará dessa viajem dizendo que conversou com José Martí, o excepcional poeta, filósofo, jornalista, pensador  e articulador da independência cubana  ou observou descer da sua estátua eqüestre o Maior General Antonio Maceo, o indomável guerreiro contra a coroa espanhola. 
      Porque esta cidade é o reduto dos românticos e namorados de alguém ou simplesmente da vida, que podem marcar um encontro com o fantasma de Heminway ou simplesmente reencontrar-se a si próprios nos cantos da Havana Velha (parte antiga da cidade tombada e restaurada pela UNESCO), bebendo um mojito ou um daiquirí (coquetéis preferidos pelo famoso escritor), em alguns dos seus bares ou botecos, caminhando no famoso muro a beira mar, conhecido como  malecón, ou deixando-se levar pela euforia provocada pelos alucinantes shows das suas casas noturnas e assim empreender uma viagem a esse lugar distante, mas dentro de si, onde estão os sonhos e fantasias mais prezados de cada um.

      Você pode ou não gostar da cidade. O que  não pode-se negar é que de uma forma ou de outra a luz sideral de Havana nos atravessa e surpreende, sejamos quem sejamos e estejamos onde estejamos com esse seu suave cheiro a sensualidade.  


FONTE: Catálogo de exposição de fotos "Havana", por Felipe Chibás Ortiz e Paulo Laborne.

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